Diluir a confusão no ondular

- A qualquer momento podes morrer. Todas as pessoas que amas e que amaste vão desaparecer. Todas as tuas memórias, sonhos e pensamentos vão acabar. O chão que pisas não é sólido. Não há segurança. Não há certezas. Não há controlo. Não tens nada. Não és ninguém. Desiste da tua arrogância. Entrega-te ao perigo e incerteza da vida.


 - Tu sofres porque por um lado desejas a felicidade, por outro tens medo da dor de viver. Receias a entrega ao caos, incerteza e dor da vida que é a única porta que dá acesso à possibilidade de alguma felicidade. Então congelas no tempo, estagnas, fechas o coração, ficas confuso. Crias resistências ao inevitável movimento natural da vida e receias aonde ele te leva: à morte e à possibilidade de morreres sem seres feliz, sem teres conseguido amar, ser amado, aceite e compreendido. Então o teu pensamento (ego) constantemente racionaliza, analisa, compara, julga, calcula, antecipa, tenta agarrar, usar, manipular, safar-se, criar ou possuir essa felicidade, separa-te dos outros, cria barreiras, procura a solução para todos os problemas, o topo da pirâmide, uma "teoria de tudo", o mundo perfeito, a resposta certa que resulta sempre para todos os problemas, sem teres que sofrer ou suar. Mas nunca conseguirás porque tal não existe. Para mais a tua ideia de felicidade e como lá chegar está contaminada com condicionamento social e biológico. Quanto mais longe fores com pensamento, ansia e medo nessa procura, mais longe ficas de ti mesmo. A felicidade não está no exterior, no tempo ou no pensamento, está aqui e agora na Intenção Pura, na Origem, no que observa e se esconde no teu Coração. Não a controles ou agarres mas entrega-te a essa Verdade. Entrega-te incondicionalmente ao movimento da vida. Vive para hoje, para as tuas tarefas, para o pau de incenso, para a vénia, um dia de cada vez, mesmo que sofras, pois é ai que está a felicidade. Para poderes viver morre antes de morrer.

- Está atento e aprende a reconhecer os julgamentos e reacções emocionais consequentes, que fazes em relação a ti e aos outros. Lembra-te que são apenas produto do pensamento critico, ego, apego ao teu mapa conceptual, crenças, expectativas, desejos e medo. Lembra-te que a realidade e as pessoas estarão sempre em desacordo com as tuas expectativas, ideias e crenças, pois estas vêm da limitação da mente. Aprende a ver com os olhos do coração, que não julga, mas compreende.

- O exterior é muitas vezes um reflexo da forma como lidas contigo mesmo. Aceita-te tal como és, pois não podes ser perfeito. Aceita os teus erros, as tuas fraquezas e as dos outros. Deseja-te bem, cuida bem de ti. Dá-te espaço e tempo para seres quem és.

- Dissolve as barreiras e defesas que constróis entre tu e os outros. Enfrenta a vergonha. Torna-te vulnerável, sem te preocupares sobre o que pensam de ti. Entrega-te, arrisca, morre a cada instante, a cada pessoa, a cada medo. Abre o teu coração.

- Cultiva o hábito de dedicar mais tempo a dar de tiao exterior, em vez de obedecer ao impulso egoísta de absorver mais informação, racionalizar, gratificar, distracção, fuga. Pratica uma atitude de disponibilidade em relação ao momento presente.

- As memórias e as condições que te vão surgir amanhã são construídas hoje. O amanhã é o resultado de hoje. Deixa a honestidade, a Intenção Pura esculpirem este momento.

- Resolve os teus problemas e tarefas no momento, independentemente da tua disposição. Está atento à procrastinação e gratificação. Não procures desculpas ou escapes. "The way of the samurai is the way of immediacy".

- Tem em atenção o corpo. Mantém o corpo saudável com exercício. Come apenas o necessário para te alimentar. Um estômago cheio perturba o corpo, a mente e o Coração, trás torpor e afecta o sono e meditação.

- Se hoje tiveres um dia mau lembra-te: é uma tempestade, é temporária, aceita, tem paciência. Mas se for um bom dia, lembra-te: é temporário, tudo muda, aproveita.