diluindo a confusão no ondular

Um caminho

"Se descobrires na vida humana algo melhor do que justiça, verdade, auto-controlo, coragem - em suma, algo melhor do que a auto-suficiência da tua própria mente que te impele a agir de acordo com a verdadeira razão e aceita a herança do destino em toda a parte exterior ao seu controlo: se, como eu digo, conseguires ver algo melhor do que isto, então entrega-te a esse bem que encontraste com todo o teu coração e desfruta dele. 
Mas se nada se mostrar melhor do que o próprio deus que vive em ti, e que trouxe os teus impulsos sob o seu controlo, que examina os teus pensamentos, que se tenha retirado em si, como Sócrates costumava dizer, de todos os incentivos dos sentidos, que se subordinou aos deuses e cuida do homem - se tudo em comparação com isto te parecer pequeno e insignificante, então não dês nenhum espaço para qualquer outra coisa: uma vez virado e inclinado a qualquer outra alternativa, vais posteriormente lutar para restaurar a primazia desse bem que é teu e apenas teu. 
Não é correcto que [este bem] deva ser rivalizado por qualquer coisa de uma ordem diferente, como por exemplo, elogios, poder, riqueza, prazer. Todas estas coisas podem parecer adequadas por algum tempo, mas de súbito poderão assumir o controle e [prender-te]. Então repito: deves simplesmente e livremente escolher o melhor e manteres-te [nesse caminho]. 'Mas o melhor é o que traz benefício'. Se para o teu benefício como um ser racional, adopta-a; mas, se simplesmente para o teu benefício como um animal, rejeita-a (...)."
Marcus Aurelios - Meditações: livro três, 6