diluindo a confusão no ondular

Dancemos

A vida quotidiana é uma como uma dança de palavras, pensamentos, sentimentos e percepções. Todos os dias pensamos e falamos sobre passado e futuro, e durante esse processamento de informação surgem as contradições, os erros, problemas, bloqueios, que condicionam o Ser Humano. Surge a frustração, raiva, medo, ansiedade, insatisfação. A nossa mente raramente está calma, sempre possuída por esta corrente turbulenta mental, sempre a fugir do que é real, palpável e vivo, o aqui e agora, o momento presente. O nosso verdadeiro lar, a base do Ser Vivo encontra-se no presente. Nunca estivemos no passado nem no futuro, sempre estivemos vivos no presente, sem presente não há vida. É a impertinência do presente, a sua transformação, a sua relação com o tempo, e o acumular destas transformações em forma de informação nas nossas memórias, que criam ideias de passado. As nossas projecções, o nosso medo, obrigam-nos a imaginar, antecipar, calcular as próximas transformações do presente, o futuro. O passado já foi, é história. O futuro é imaginado. A nossa persistência em querer viver fora do presente, gera uma ausência. Se a vida só se encontra aqui e agora, viver no ilusório é um tipo de morte, ou sonho, ilusão. Viver no presente não gera arrependimento nem saudade pelo passado, nem ansiedade e desejo pelo futuro. O presente é simplesmente um desafio, uma percepção e conjugação de elementos visuais, auditivos, tácteis, sentimentos, consciências etc. Se conseguirmos focar a nossa atenção nesse momento presente, com uma atitude inteligente e emocionalmente equilibrada, o desafio presente serás sempre compreendido, e a situação resolvida se for um problema, ou aceite se for o que for. Se conseguirmos trazer a mente para este momento onde se encontra a Vida, o aqui e agora, que é possível descobrir e sentir, tocando na pele, respirando, escutando, ouvindo, e mantendo a mente atenta, fresca e serena, assente neste ponto, iremos compreender a experiência humana apenas como uma dança entre o observador e o observado, entre nós e os elementos, uma dança que dançamos momento a momento. Esta dança interage connosco e nós com ela. A ausência de ansiedade, de insatisfação, de medo, desaparecem para dar lugar à paz, calma e alegria quando deixamos de tentar controlar a dança e nos entregamos a ela, de forma sábia, serena, suave, momento a momento, sem antecipar, desejar, sem medo, sem querer repetir danças passadas. Quando trazemos a mente para o presente, quando nos rendemos ao momento e nos rendemos à dança com todo o nosso ser, estamos despertos, estamos vivos, estamos felizes, amamos, compreendemos, Vivemos.

Entrevista a Arno Gruen

Lembra-te

Flutuando por entre linhas do infinitamente possivel, dei por mim a dar por mim, o que não é infinito. Era Tudo e Sou, mas agora não. O Tudo passou a nada, e tomei forma: 1, 2... 1, 2... 1, 2... 3... 4... 5...6... Perdido no inicio do meu próprio fim. Sozinho, confuso, sofrendo, tentei ser Tudo de novo, mas falhei. Ele, Eu decidi. Ao pensar, deixei de Ser. Ao deixar de Ser, passei a ser. Ao ser, caí... A queda da mais elevada subtileza ao mais crude desejo. Morri... fui cuspido do meu Pai, Eu. Caio para o que agora é conhecido como desconhecido, e esqueço-me de mim, para me lembrar de novo, que tenho que me lembrar de me lembrar de me lembrar de me lembrar de me lembrar de me lembrar... que Eu Sou. Cuspido, vomitado, rejeitado, separado de Mim, Criado... e assim desci até mim.