diluindo a confusão no ondular

Liberdade na Mente - Pt1
Condicionamento

A mente
Ao nascermos neste mundo, mergulhamos numa espécie de rio de informação, onde cada um de nós é forçado a desempenhar um papel neste drama que parece ter sido escrito por um louco idiota. Uma mente pura, vazia, virgem como a da criança, não tem outra alternativa senão identificar-se, assimilar as regras e participar neste jogo em que vivemos.
Como um papel fotográfico tirado da caixa e exposta à luz Solar, a mente da criança vai dar início a um processo de assimilação de informação e aprendizagem através da observação e imitação do seu meio ambiente. Num ambiente que nem sempre é de compreensão e amor, mas de chantagem emocional, castigo e repreensão, o futuro adulto inicia desta forma a construção da sua personalidade, aprendendo uma linguagem, e educação dualisticas, preparando-nos desta forma para o jogo da civilização do "ganha ou perde".

O programa e o jogo na prisão

É a este programa mental que nos vamos ligar todos os dias sempre que acordamos, e inevitavelmente nos sentimos na obrigação de resumir o jogo desde o momento em que o deixámos antes de adormecer. Desta forma vamos-nos conectar, como uma pequena roda-dentada que se encaixa num motor enorme, a um sistema/jogo que torna a nossa simples existência numa luta diária pela sobrevivência, onde o homem é forçado a explorar o seu próximo, e obter mais que ele, ser mais que ele, ou no outro extremo, pelo menos obter as condições mínimas de sobrevivência e sofrer o menos possível, submetendo-se e obedecendo aos que querem mais e mais.

Claro que para existirmos nesta vida precisamos de um mínimo de conforto, alimento, calor humano, actividade fisica e mental. Mas será que temos mesmo que lutar e sofrer para os obtermos? A vida deveria ser de graça, e foi num passado em que o homem e a natureza viviam em comunhão. Só o facto de estarmos vivos, de possuirmos em nós o que de mais precioso existe num Universo desértico, Vida, nos dá o direito a estas condições mínimas. E será que precisamos mesmo mais do que isso para apreciar a vida? Porque é que neste planeta a maior parte da população vive em pobreza, e uma minoria vive num conforto exagerado consumindo a maior parte dos recursos naturais do planeta? Esta minoria representa 20% da população e consome 80% dos recursos naturais, os restantes 20% dos recursos naturais são consumidos pelos 80% da população em pobreza.

Somos todos prisioneiros deste jogo. A questão é, o que nos mantém prisioneiros? O que nos obriga a ser o carrasco do nosso irmão? Onde estão as correntes, as barras, a cela, o guarda? Onde está o herói que nos vem socorrer?
A prisão está na nossa mente, as correntes são as palavras, a cela o pensamento, e o guarda prisional nós próprios. O herói é o nosso Coração.
O que nos impede então de sermos livres?
A identificação emocional com o programa mental e a incapacidade de nos ligarmos a uma força no nosso Coração, uma Energia em nós, que nos “salva” da ditadura da mente.

Desconstruir o programa (Solve et Coagula)
Para ocorrer a libertação da mente, esta conexão com o Coração, a transformação, parece-me necessário, antes de tudo, observá-la, fazer um reconhecimento do terreno, verificar até que ponto estamos dependentes do pensamento, das palavras, das nossas crenças, das convenções humanas, observar a nossa ligação emocional com este conteúdo mental e o quanto sofremos com essa ligação, quais os nossos pontos fracos, onde não queremos ir na nossa mente, memórias, do que temos medo. Ou seja, conhecermo-nos a nós próprios o mais possível. Ao fazermos esta observação é importante sermos o mais honestos possível mesmo quando se torna difícil.

Quando não nos conhecemos, quando estamos inconscientes do nosso mecanismo interno, agimos automaticamente, limitamo-nos a reagir às condições presentes externas e internas de acordo com o nosso condicionamento social, intelectual e emocional, sem nos questionarmos. Desta forma vivemos à superfície das coisas, hipnotizados pelas aparências, dependentes e mergulhados no rio de informação, ignorância, reacção, inconsciência, superficialidade, luta, dor e exaustão na civilização. Acabamos desta forma por sofrer e causar sofrimento.

É possível ir mais longe na observação do funcionamento da mente, observar, analisar, sentir e perceber o átomo, a essência, do que nos condiciona:
A memória, o pensamento e as palavras.

(Continua)

1 comentário:

Anónimo disse...

«Quando não nos conhecemos, quando estamos inconscientes do nosso mecanismo interno, agimos automaticamente, limitamo-nos a reagir às condições presentes externas e internas de acordo com o nosso condicionamento social, intelectual e emocional, sem nos questionarmos.»
Quem caminha com o coração aberto pela vida, é capaz de responder ao mundo porque renunciou a agarrar-se a si mesmo como uma coisa, e assim tornou-se vazio e capaz de perceber…
Obrigado pela partilha
Fraternalmente
José