diluindo a confusão no ondular

Libertem os Mágicos

Universo
A Revolução, Evolução, e a oportunidade para um paraíso na Terra, têm início no coração e mente de cada criança que nasce neste planeta.
Isto por duas razões: uma criança recém-nascida é um veículo vazio de informação. A sua mente é pura e vazia de conceitos e crenças, totalmente identificada com o Mundo do Sonho, o Coração. A segunda razão é que a criança se for respeitada, cuidada, e mantida livre, poderá trazer a este mundo o ingrediente que nos falta: Magia, a habilidade de moldar a realidade de acordo com a sua Verdadeira Vontade, através do uso do mais fantástico e poderoso dom humano: a imaginação, a habilidade de criar, de sonharmos acordados.


“Cada criança deve desenvolver a sua própria individualidade, e vontade, ignorando ideais externos. A educação deve assistir uma alma a expressar-se a si mesma. A cada criança deverá ser apresentada uma série de obstáculos aos quais vai poder reagir de forma única e ultrapassá-los. A sua mente não deverá ser influenciada, mas alimentada e cuidada com todo o tipo de informação. As suas qualidades inerentes irão permitir-lhe selecionar e assimilar as experiências e informação próprias para a sua natureza interior. Respeitem a sua individualidade! Ofereçam-lhe toda a vida para a sua investigação, sem influenciar as suas conclusões. Desde o início as crianças deveriam enfrentar factos inalterados por explicações. Deixem-nas pensar e agir por si próprias; deixem a sua natureza interior tomar controlo. Permitam-lhes explorar todos os mistérios da vida, ultrapassar todos os seus perigos. A falsidade e o medo são os seus únicos inimigos. Deixem-nas presenciar o nascimento, casamento, morte; deixem-nas ouvir poesia, filosofia, história. Façam-nas enfrentar falésias, ondas, animais. Ofereçam-lhe sempre a Verdade, com o único cuidado de a fazer compreensível; permitam que a usem. Permitam que se eduquem a si próprias para que possam ser elas próprias. Aqueles que as educam de acordo com regras pré-estabelecidas, estão a deformá-las. Crenças e ideais externos funcionam como parasitas. Cada criança é uma Esfinge; ninguém sabe o seu segredo a não ser ela própria.”
"Every child is absolute.

Dare not bias it or bind!

Give the seed fair play to shoot!

At maturity its mind

Shall perfect its proper fruit,
Self-determined, self-designed!"
Aleister Crowley, from  ”On the Education of Children” de "The Revival of Magick"

Mas para permitir que esta Magia ocorra, uma condição deverá ser respeitada: a pureza da mente na criança deverá ser mantida. Esta pureza não é mantida escondendo as verdades do nosso mundo, nem protegendo e mimando demasiado a criança. No início o melhor que poderá ser feito para manter esta pureza é cuidar dela, amá-la, deixar que revele a sua Verdadeira Natureza, para que possa mais tarde adquirir um programa mental adquado ao seu Verdadeiro Eu. Não lhe deveremos impôr o nosso próprio programa mental, que é apenas o resultado de um sistema educacional corrupto, e uma experiência familiar disfuncional.

A Verdadeira Imaginação e Criatividade são resultado de uma unificação de dois sistemas no nosso veículo: o sistema racional (mente), e o sistema emocional (coração). Através do sistema emocional obtemos: empatia, emoções, criatividade, intuição, inspiração. Poderá ser no coração que o Verdadeiro Eu, a ligação para o inconsciente colectivo e para o Universo poderá ter origem. Do sistema racional obtemos : razão, lógica, capacidade de cálculo, memória, linguagem. Por vivermos numa realidade e estado de consciência que dificultam a manifestação das nossas capacidades telepáticas, dependemos unicamente desta ferramenta: sistema racional, e a capacidade de usar a linguagem, para comunicar a outros individuos os nossos sentimentos e vontade, através da criação e manipulação de simbolos. Desta necessidade de comunicar a outros os nossos sentimentos mais subtis, necessidades, e descrever estados alterados de consciência, surgiu a linguagem, escrita, religião, simbolos, arte etc.

“Estes bébés são como os que entram no Reino. Quando tornarem o dois no um, e quando tornarem o interior como exterior, e o exterior como o interior, e o superior no inferior, e quando tornarem o masculino e o femenino num apenas, de forma a que o masculino não seja masculino, e o feminino não seja feminino, então poderão entrar no Reino.”
Jesus Cristo, Evangelho de S. Tomás

A criança nasce com estes dois sistemas unidos, funcionando como um todo. Apesar de a sua mente se encontrar ainda pura, está programada para adquirir o máximo de informação possível do seu meio-ambiente desde o início. É incrível que apenas depois de um ano, a criança é capaz de pronunciar a sua primeira palavra, que muitas vezes poderá ser “mãe” ou “pai”. Isto é o reflexo de um aspecto muito importante da aprendizagem inícial: a aprendizagem de empatia, a abilidade de Amar, de se sentir segura, protegida, cuidada e compreendida, o que irá trazer confiança e subsquentemente a ausência de medo, ódio por si própria, e insegurança. Esta aprendizagem permitirá a criança desenvolver um programa mental que facilita a integração de Mente e Coração, permitindo mais tarde na vida adulta, a realização de Individuação, ou segundo algumas crenças orientais, “Iluminação”, ou seja, a possibilidade de expressar o Verdadeiro Eu, ou a vontade do Universoo , do Cosmos, da Vida, o Sonho Cósmico.



Esta integração facilitará o processo criativo, trazendo à nossa realidade simbolos, e informação que expressem de forma eficiente a expressão do Verdadeiro Eu. Este acaba por expressar sempre o que lhe dá existência, o fluir infinito de inteligência criativa. Ou seja, o Verdadeiro Eu em si não tem uma existência separada, única, pois numa realidade mais fundamental, acaba por estar interligada com tudo, e com todos. Não existe separação, tudo é inter-dependente. O Universo é como um todo indivisível, onde na sua base é vazio de qualquer tipo de substância essencial superior, ou propósito superior, como propósito poderá ter apenas a sua própria existência. O propósito da Vida é a própria Vida.



Parece-me que o estado natural do ser humano deveria ser: a mente ao serviço do coração, de forma a podermos expressar e executar a vontade da única Lei do Universo: Amor e equílibrio. O nosso trabalho como seres humanos neste planeta deveria ser ajudar a manter o estado natural do planeta, equilibrio, harmonia, Amor, e estabelecer uma relação saudável e de respeito com o planeta, com outras espécies e, desta forma, com o Cosmos. Poderiamos assim dar início à aventura que é explorar os Universos exterior e interior do nosso Ser, que acabam por ser o mesmo. Mas na nossa civilização o oposto acontece. Sociedade e familia vão contribuir para o reverter dos papéis destes sistemas internos na criança: o Coração torna-se subjugado pela mente e pelo programa mental introduzido na mente da criança, desta forma ocorre uma desconexão com o Verdadeiro Eu, e a Magia perde-se. Assim, a criança vai identificar-se e tornar-se parte ao longo do tempo, de uma mentalidade colectiva onde a empatia é desencorajada, a liberdade genuina reprimida e limitada, e os valores de um pensamento maquiavélico e materialista aceites e considerados como a melhor atitude a manter de forma a poder-se sobreviver na selva da civilização humana. Não é de admirar que hoje mais que nunca, a depressão, esquizofrenia, delinquência são cada vez mais comuns. A partir do momento em que a mente controla e subjuga o coração, a porta está aberta para o opressor controlar toda uma população. Todos os ditadores que conseguiram conquistar os corações de uma população (Hitler por exemplo), conseguiram-no pois é este o estado de Ser generalizado na nossa civilização: o coração subjugado pela mente. Através de uma programação mental que subjuga o coração, iniciada pela familia e mais tarde propagada pela ligação à cultura: educação, televisão, dinheiro, condicionamento social, propaganda etc, qualquer potencial para se imaginar um mundo melhor, capacidade de se sonhar, de apontar o que está errado neste mundo, de expressar o Verdadeiro Eu, são erradicadas.

Desta forma podemos começar por identificar em que ponto a promessa de Magia trazida pela criança, e a possibilidade de um mundo melhor, começam por se desvanecer: na educação. É aqui que a escolha é feita pela criança, e principalmente imposta pela familia, entre dois caminhos distintos: o caminho da liberdade, amor e compreensão; e o caminho da subjugação à vontade de outros, resultando na programação mental vinda de fontes exteriores à criança: civilização e a sua cultura. Esta civilização, se é que tal lhe podemos chamar, é o resultado de um aglomerado caótico de mecanicidade, estupidez, ignorância, perguiça, medo e superficialidade. Este estado de coisas é o reflexo de uma força masculina desiquilibrada, que acaba por funcionar como um tumor neste planeta e nas nossas mentes, sugando, destruindo e convertendo tudo aquilo em que toca às suas ideologias e crenças destruitivas e estéreis. Esta força, que poderemos designar como a Sombra colectiva, acaba por formar uma divisão e criar dois mundos distintos, aquilo que as pessoas pensam ser a sua realidade, ou o seu programa mental, a Matrix, e o que na realidade é Verdadeiro e Vivo, o mundo do coração, ou a força do feminino, a força criativa, ou seja, o desejo em cada um de nós, no fundo dos nossos corações, em fazer o que é correcto: cuidar, amar, criar, imaginar, aventura. A chave para o despertar individual e colectivo poderá ser não o rejeitar e destruir esta força masculina desiquilibrada, mas transformá-la, abraçá-la, e curá-la unindo-a com o aspecto feminino em todos nós na natureza. 

“Iremos igualar a vossa capacidade para infligir dor e sofrimento com a nossa capacidade de aguentar sofrimento. Iremos confrontar a vossa força fisica com a nossa força da alma. Não vos iremos odiar, mas não poderemos de forma consciente obedecer às vossas leis injustas. Iremos desgastar-vos com a nossa capacidade de resistir e aguentar sofrimento. E ao ganhar a nossa liberdade, iremos apelar ao vosso Coração e consciência para que nos possamos unir.”
Martin Luther King

O que parece ser a expressão máxima de um total desiquilibrio mental masculino na sociedade de hoje: a tendência e a crença de que o homem deverá fundir-se com máquinas para ultrapassar as suas limitações, poderá ser o reflexo de uma “saudade” que o homem sente pelo seu coração, procurando a todo o cuasto encontrar e compreender essa essência que gere o Cosmos, pensando que o homem não tem a capacidade de a compreender. Essa essência não está só na mente, não está no Universo exterior, mas essencialmente no Coração, a ligação que mantemos com o Cosmos, o Tao, Nirvana, Deus.



Arno Gruen chama a este segundo caminho de subjugação: “a traição do eu”. Arno Gruen menciona que uma pessoa para se religar ao interior, coração, ou inconsciente, ela terá que encarar o seu sofrimento e medo. O sofrimento resulta do coração não estar ligado à mente, e o medo é o reflexo da mente não saber que força e energia é esta que nos poderá colocar em estados tão desconhecidos, logo desagradáveis. A noite negra da Alma. A incapacidade de se enfrentar esta dor, resulta da mente que tenta fugir de uma ligação com o Coração.


“(...) Se a dor, a preocupação e a impotância são negadas por serem consideradas fraquezas, por exemplo como expressão pouco masculina dum sentimentalismo considerado feminino, como pouco apropriadas à força masculina ( o que também é válido para mulheres que reclamam a força para si dentro dos padrões masculinos ), o interior é neutralizado e desligado da engrenagem da vida diária. E, assim, o mundo interior afunda-se cada vez mais no inconsciente. Mas ele continua a ser o motor, mesmo que incógnito, do nosso modo de agir, pensar e sentir.
Há, portanto, dois estados mentais diametralmente opostos. Onde o mundo interior é acessível, uma pessoa será capaz de reagir de uma forma criativa aos estímulos externos. Pode mesmo existir como mundo interior inconsciente, desde que seja recuperável. A vida interior é uma entidade muito flexível que tem uma grande capacidade de reacção.
No tipo contrário é diferente: Se o interior sensível estiver bloqueado, os contactos do indivíduo com o mundo exterior deixá-lo-ão inalterado. Ou melhor: nem existirá um verdadeiro contacto com o exterior. A medida do isolamento interior dai decorrente está directamente relacionada com o ódio de si próprio. Este é provocado pela participação activa na sujeição ao mando de uma “realidade” que exige a negação de sentimentos autónomos.
Esta fonte contínua de ódio não só reforça o isolamento interior como também o caos resultante da falta de ligação entre o mundo interior e a vida exterior. Tudo isso faz crescer o medo do interior e da ameaça de ele acabar por vir ao de cima. A cisão reforça a cisão. E, assim, o medo da derrocada acelera a imersão na realidade exterior, pela qual aprendemos a assegurar um lugar para nós num mundo rendido ao poder e ao domínio.
É de reter: o isolamento do interior do contacto confirmativo com o mundo exterior leva à perda da organização e da integração. E o interior passa a ser temido, uma vez que a destrutividade e o ódio de si próprio se tornam os seus elementos dominantes.(...)”

Arno Gruen, "A Loucura da Normalidade"

"Se expressares o que está em ti, o que expressares salvar-te-á. Se não expressares o que está em ti, o que não expressares destruir-te-á".
Jesus Cristo, Evangelho de S. Tomás

“Quando estamos a fazer a vontade do verdadeiro Eu, estamos inevitavelmente a cumprir a vontade do Universo. Em Magia estes são vistos como inseparáveis: todas as Almas Humanas são na realidade uma Alma Humana. E esta é a Alma do próprio Universo. E desde que sigamos a vontade do Universo, então nada poderá correr mal.”
Alan Moore, do documentário "The Mindscape of Alan Moore"

Este medo, e ódio de si próprio da pessoa que se traiu, ou foi levada a trair o seu Verdadeiro Eu, forma o que é mais conhecido como Ego ou eu inferior. Acredido que é esta a doença chamada Wetiko, mencionada pelo escritor Nativo Americano Jack D. Forbes no seu livro “Colombo e Outros Canibais”. Poderá ser também a “Mente de Predador” mencionada por Don Juan nos livros de Castaneda. É o resultado da divisão entre o racional e o emocional, ausência de plenitude na psique, o que leva à subjugação de uma pessoa à vontade de outros, e à expressão dos nossos mais baixos e inferiores instintos: raiva, violência, ganância, materialismo, etc.



Acredito que a maior parte das religiões no seu início, práticas esotéricas, sistemas ocultistas, alguns filósofos, na arte e no xamanismo, todos tentaram de alguma forma, cada um ao seu estilo, entender este mecanismo, este estado de coisas, procurando compreender e curar o indivíduo, de forma a atingir uma ligação com o Divino, o mágico, ou o estado natural do Ser Humano. A simples e conhecida ideia da eterna batalha entre o Bem e o Mal mencionada em tantas religiões poderá ser resultado desta dualidade presente na nossa realidade. Estes poderosos arquétipos presentes no nosso inconsciente colectivo poderão estar a tentar comunicar-nos esta ideia. Por vivermos numa sociedade que cada vez mais se desliga de qualquer prática, sensibilidade e experiência espirituais, bem como verdadeira Arte, onde os enteogénios foram tornados ilegais, o sagrado ignorado, e a Natureza violada, estes arquétipos poderão ter encontrado forma de se expressarem através da cultura, como o autor Christopher Knowles demonstra no seu blog.

Estou cada vez mais convencido que a nível individual e a nível colectivo, a totalidade da nossa realidade fisica, psicológica, cultural, politica, está a ser moldada literalmente pelo nível de consciência da humanidade, e pelo nível de subjugação da humanidade às forças dominadas pela Sombra, o que acaba por ser um reflexo da nossa capacidade de enfrentarmos o  medo e religarmo-nos com os nossos corações, mergulhando assim no divino, no mágico, no desconhecido.
Quando mais formos incapazes de enfrentar o medo, e reconquistarmos o nosso Verdadeiro Eu, e o vasto oceano de possibilidades, Amor e coragem  que tal ligação nos oferece, mais nos iremos afundar no caos, sofrimento e ignorância colectivos, tornando assim real a possibilidade de prosseguirmos num caminho de destruição. Mas se esta religação com o coração ocorrer na humanidade, em todos nós, e a prisão que condiciona as nossas mentes for quebrada, então TUDO será possível, e poderemos atingir o que nenhum homem até hoje conseguiu imaginar.

"Quando tornarem o que é dois em um, tornar-se-ão os filhos da humanidade, e quando disserem “Montanha, move-te” ela mover-se-á.”
Jesus Cristo, Evangelho de S.Tomás




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